Ddos do estudo Mapa da Violência- Homicídio de Mulheres 2015- apontam que o Piauí registrou os menores índices de assassinatos de mulheres entre os anos de 2003 e 2013. O levantamento foi divulgado na manhã de hoje (9) e compara, dentre outros pontos, a vitimização da mulher de cor branca e negra, além do número da população agredida por pessoas conhecidas e desconhecidas pela vítima.
A pesquisa constatou que o número de feminicídio ocorre num ritmo crescente ao longo do tempo, tanto em número quanto em taxas. Entre 2003 e 2013, o índice de vítimas do sexo feminino no Brasil passou de 3.937 para 4.762, o que reflete aumento de 21% nos casos.
Segundo o Mapa da Violência, em dez anos foram mortas no Piauí 399 mulheres. Comparando com as taxas nacionais, o Estado está em 26º lugar no triste ranking de assassinatos, com 2,9 assassinatos a cada 100 mil mulheres. Na primeira colocação entre os estados onde mais pessoas do sexo feminino são mortas está Roraima, que alcançou o índice 15,3 assassinatos para cada 100 mil mulheres.
Para se ter uma ideia do número absurdamente elevado de assassinatos de mulheres em Rondônia, juntos os índices de Santa Catarina, Piauí e São Paulo giram em torno de 3 mortes por 100 mil habitantes, isto é, a quinta parte de Roraima. Na redução, o Piauí divide posição somente de São Paulo, na comparação entre as capitais São Paulo (2.8%) e Teresina (5.4%).
Mesmo com o baixo índice do Piauí, os dados são preocupantes porque o estudo constata que após a sanção da Lei Maria da Penha, que destaca o rigor das punições para esse tipo de crime, os casos são registrados com frequência e aumentou entre os anos pesquisados. Somente Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro houve registro de queda nas taxas após a vigência da norma.
MULHERES NEGRAS
A taxa de mortalidade da mulher negra no Piauí é 5 vezes maior que o da mulher branca. Os dados do Mapa da Violência revelam que 77 mulheres de cor branca foram assassinadas entre 2003 e 2013 no Estado. Já o número de negras mortas é de 304.
Em dados percentuais a vitimização negra corresponde a 87% do total de homicídios contra mulheres no Estado. Diante dos números, a pesquisa constata que a população negra é vítima prioritária da violência homicida no País e “cresceu de forma drástica” na década.
AGRESSOR
Em nível nacional, o volume de agressões por parte de pessoas desconhecidas é maior, mas não tão elevado, que as agressões por conhecidos: 4,6 milhões e 3,7 milhões de agressões, respectivamente. No Piauí, o índice é diferente: a maioria das mulheres é agredida por agressores conhecidos das vítimas. De 2003 a 2010, 38.668 mulheres foram agredidas por pessoas próximas ao convívio delas. Enquanto que 27.158, sofreram agressão de desconhecidos.
BALANÇO 2015
Neste final de semana um assassinato chocou a população piauiense. Uma mulher identificada como Ana Paula Nobre, 30 anos, foi assassinada com 29 facadas pelo ex-marido, no município de Colônia do Piauí, localizado no Sul do Estado.
A morte de Ana Paula é mais um amargo dado da estatística de violência de gênero. A coordenadora do Núcleo de Feminicídio do Piauí, delegada Ana Melka, revela que de julho a março de 2015, 25 mulheres foram assassinadas no Estado.
O Núcleo foi instituído este ano e tem como objetivo garantir que o inquérito sobre assassinatos das mulheres seja finalizado e crime punido. “Temos visitado cidades do interior para cobrar aos delegados que informações desse tipo de caso sejam repassadas de forma imediata ao Núcleo para que a autoria e materialidade do crime seja identificada o mais rápido possível”, disse a delegada Ana Melka.
A coordenadora do Núcleo adianta que no próximo ano o Piauí vai adotar diretrizes da Organização das Nações Unidas para investigar crimes dessa natureza. “ Ainda está tudo em fase de elaboração, mas queremos com isso garantir a melhoria do acompanhamento de casos feminicídios, coibindo esses assassinatos”, adianta a delegada.