PF prende jornalista suspeito de atrapalhar investigação sobre desvio de recursos do Fundeb

O jornalista Tony Trindade foi preso na manhã desta terça-feira (18) durante a Operação Acesso Negado, realizada para combater tentativas de atrapalhar as investigações de uma outra investigação, a Operação Delivery. Esta apurava desvios de recursos públicos da educação da cidade de União. Nesta terça, os policiais buscam ainda fazer buscas em cinco endereços em Teresina e Monsenhor Gil.

Jornalista Tony Trindade

A assessoria de imprensa do jornalista informou que ele “apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião”. E que o jornalista teria sido preso pela “relação com suas fontes”. Leia a íntegra da nota ao fim da reportagem.

A Polícia Federal informou que identificou atitudes para obtenção de informações sigilosas, além de investigados tentando combinar depoimentos, e tentativa de intimidação da investigação policial. A PF não especificou como aconteceram as tentativas.

Polícia Federal faz operação contra tentativas de atrapalhar investigação de desvio de recursos do Fundeb — Foto: Polícia Federal

Há ainda cinco mandados de buscas para endereços em Teresina e Monsenhor Gil. Os policiais procuram colher provas que identifiquem as pessoas responsáveis por entregar informações sigilosas sobre investigações, e verificar se a investigação da operação Delivery foi de fato prejudicada. O jornalista teria tentado obter informações sigilosas da investigação.

Os investigados podem responder pelo crime de embaraço a investigação policial de crime praticado por organização criminosa. A pena pode chegar a 8 anos de prisão.

A assessoria de imprensa do jornalista informou que ele “apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião”. E que o jornalista teria sido preso pela “relação com suas fontes”. Leia a íntegra da nota abaixo:


NOTA À IMPRENSA

A assessoria de imprensa do jornalista Tony Trindade considera oportuno esclarecer fatos a respeito da Operação “Acesso Negado”, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal, em Teresina, Monsenhor Gil e União e que resultou na prisão preventiva do jornalista.

Conforme nota divulgada pela própria PF, a operação investiga “atos ilegais de intervenção/embaraçamento” à investigação de desvios de recursos públicos destinados à educação na cidade de União, cabe ressaltar que na qualidade de apresentador de programa de televisão e colunista de jornal, Tony Trindade ao veicular fatos da operação, apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião.

O mandado de prisão preventiva a título de frear a divulgação de informação soa descabido e desproporcional, uma vez que o jornalista sequer foi ouvido pela autoridade policial antes da condução.

É temoroso ao exercício profissional, que jornalistas sejam presos por relações com suas fontes, relações essas que são asseguradas pela própria Constituição Federal.

PF faz buscas na Prefeitura da cidade de União, no Piauí. — Foto: Divulgação/PF-PI

Tony Trindade coloca-se à disposição das autoridades, certo de que atos ilegais não prosperarão com o aval da justiça.

Assessoria de imprensa

Operação Delivery

A Operação Delivery foi deflagrada em maio de 2020, com o objetivo de apurar a suspeita de desvio de recursos públicos da educação destinados ao município. Cinco pessoas foram presas, entre empresários, agentes públicos municipais, um vereador da cidade e incluindo o secretário de educação da cidade de União, Marcone Martins, que foi exonerado pela Prefeitura de União.

De acordo com o inquérito policial, a Secretaria de Educação de União teria adquirido livros escolares em quantidade maior que o número de alunos do município, utilizando verbas do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para a contratação de empresas fictícias de Fortaleza, que seriam responsáveis pelo fornecimento fraudulento do material didático.

Ainda segundo a nota, análises da CGU apontaram que os contratos superfaturados utilizados para a obtenção do dinheiro apreendido geraram ao Fundeb prejuízo mínimo de R$ 500 mil.

Por Andrê Nascimento, G1 PI

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