PM se reúne com grupos LGBTs para discutir abordagens policiais

As Polícias Militar e Civil do Piauí se reuniram, na manhã de hoje (07) com representantes de grupos LGBTs de Teresina para discutir as abordagens policiais a homossexuais e travestis. O encontro aconteceu no Quartel do Comando Geral (QCG) e contou com a participação de comandantes dos batalhões do interior do Estado e da Capital, RONE, BOPE, GPTRANS (Grupo Piauiense de Proteção a Travestis e Transexuais), representantes da SASC, da Defensoria Pública e do Grupo Matizes.

PM se reúne com grupos LGBTs para discutir abordagens policiais

Ao iniciar a reunião, o coronel Lindomar Castilho, subcomandante da PM, disse que a Corporação entende que a sociedade é composta por pluralidades, e que a discussão visa planejar estratégias para atender a todas as classes, respeitando suas demandas.

Para a representante do Grupo Matizes, Marinalva Santana, o encontro serve para mostrar às Forças de Segurança que os grupos vulneráveis de Teresina querem tratamento adequado e mais humano nas abordagens policiais.

“A PM tem que ver que a sociedade é plural e tem que fazer abordagens adequadas a cada segmento. Eles não abordam um idoso como abordam um adolescente, por exemplo. A polícia pensa que lésbicas e travestis querem ser homens e abordam esses grupos como se fossem tal, mas não é assim. São mulheres que merecem e devem ser tratadas como mulheres”, afirma Marinalva.

O Grupo Matizes pediu ainda à Polícia Militar que a abordagem a lésbicas e travestis seja feita somente por policiais mulheres. “Não queremos tratamento diferenciado, mas uma abordagem respeitosa. Isso não é regalia, como alguns pensam. É direito”, finaliza a representante do Matizes.

PM se reúne com grupos LGBTs para discutir abordagens policiais_01

Marinalva menciona ainda a cartilha sobre Atuação Policial na Proteção dos Direitos Humanos de Pessoa em Situação de Vulnerabilidade. O documento foi elaborado em 2009 e lançado em 2010 pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e o Ministério da Justiça, e contém orientações às polícias sobre como deve ser feita a abordagem a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Para o Grupo Matizes, se a Cartilha estivesse sendo seguida, encontros como os de hoje não seriam mais necessários.

Os grupos LGBTs pediram que as polícias do Estado sejam mais abertas ao diálogo com as minorias e propôs um novo encontro, desta vez com a participação de policiais que estejam nas ruas, uma vez que são eles os que fazem as abordagens e o policiamento ostensivo. “Nós nos reunimos hoje com os comandantes, mas precisamos conversar com quem faz o trabalho direto com a população. Seria interessante que, da próxima vez, o diálogo fosse mais aberto”, finaliza a representante do Matizes.

Por: Ithyara Borges (estagiária) | Portal Odia