Elas não são novidades, tampouco raras de encontrar. As tatuagens estão presentes nas mais variadas culturas e continuam a perpassar gerações. Para muitos, vista como possibilidade de adorno corporal, arte e expressão, se tornam constante foco de desejo. Já muitos outros consideram como sinal de marginalidade e até ofensa religiosa. As opiniões divergem e colocam em foco aspectos como preconceito e intolerância.
Há quem enxergue a pele, o maior órgão do corpo, como uma tela em branco pronta para ser preenchida. Esse é o caso da empresária Talita Waquim, que mostra no corpo a paixão pelas tintas. A primeira tatuagem, aos 13 anos, abriu um mundo de possibilidades para a arte corporal. Hoje, Talita tem mais de 50% do corpo coberto por tatuagens.

“Eu sempre fui impressionada com tatuagens, porque tinha dois tios que já tinham e também sempre gostei de desenhos. Quando completei 13 anos, pedi de presente de aniversário minha pri meira tatuagem, meus pais me acompanharam e eu saí do estúdio com meu primeiro desenho de rosa. Uma semana depois, eu voltaria para fazer outra”, descreve a jovem.
Sobre os preconceitos das pessoas com as marcas no corpo, Talita é clara: muitos são os olhares atravessados percebidos diariamente. “Vejo as pessoas apontando, falando, mas eu não me importo. Eu não ligo que falem, acho que só não pode faltar o respeito, porque aí eu reajo”, alerta.
Por ser mulher, a empresária analisa que os preconceitos ainda são sentidos em menores proporções. “Para muita gente, tatuagem em mulher é questão de vaidade, em homem é coisa de marginal”, explica.
O marido, Thiago Saraiva, confirma o que pensa Talita, mas ressalta que muita coisa já melhorou. “Como Talita falou, existe sim preconceito. As pessoas olham estranho para você. Mas eu encaro isso de forma natural, a tatuagem é realmente diferente, nem sempre é um olhar torto; muitas vezes, as pessoas estão admiradas, acham bonito, existe isso. Com o decorrer dos anos, as pessoas estão acostumando a aceitar melhor”, analisa.
O casal apaixonado pela arte de marcar a pele pensa em abrir o próprio estúdio. O empreendimento ficará a cargo de Thiago, que é professor de artes e já tem experiência com criação de tatuagens.

Mas ambos lembram que há muito a ser superado, principalmente na Capital do Piauí. O mercado de trabalho, por exemplo, é um desses fatores. Talita lembra que, antes de ter a própria loja de roupas, muitas portas foram fechadas por conta das tatuagens.
“Morei em outras cidades e minhas tatuagens nunca ficaram acima do meu currículo, mas aqui em Teresina não. Aqui é difícil. Na minha loja, é muito difícil eu encontrar situações de preconceitos, mas, vez por outra, acontecem”, afirma a jovem.
Mesmo com os posicionamentos contrários, o amor pela arte fala mais alto. Para Talita e tantos outros, as tatuagens são um resumo das próprias influências de vida, percepções e experiências. As marcas na pele são tão reais quanto à vontade de findar os preconceitos dentro da sociedade.
Por: Glenda Uchôa – Jornal O Dia
Fotos: Jailson Soares/O Dia